Ryan Bingham tem uma profissão invulgar, ele trabalha numa empresa que é contratada por outras para despedir os seus funcionários. Devido a isso ele tem de viajar bastante, segundo o próprio passa 270 dias por ano. E o que para a maioria das pessoas seria um problema, tanto tempo num avião sem ver a família ou ter uma relação estavel, que só a proximidade pode dar, pra ele é o ideal, ele não quer ver a família, ele não quer ter uma relação com ninguém, bastam-lhe os encontros duma noite e as suas viagens para ele estar feliz.
Mas tudo muda quando Natalie, uma jovem recém-chegada à empresa, sugere alterar o modo de operar dos trabalhadores, trocando as viagens constantes pelo trabalho a partir da internet, o que permitiria à empresa poupar imenso dinheiro em deslocamentos e estadias dos seus funcionários. E que coisa mais humana, despedir pessoas via internet. Bingham nada interessado num tão drástico mudar de vida recusa-se a esta adaptação e é forçado a levar Natalie numa das suas viagens para que ele veja como é despedir uma pessoa, algo que ela acaba por descobrir que não é lá muito boa.
George Clooney, que interpreta a personagem principal do filme Ryan Bingham, tem uma performance segura não muito diferente do que ele costuma fazer, com uma personagem que lhe assenta bem e não parece lhe ter dado muito trabalho para interpretar. Anna Kendrick que faz o papel de Natalie, foi uma agradavel surpresa já que nunca tinha visto nada dela e penso que podemos ter aqui uma das actrizes a seguir nos próximos tempos. Outra das actrizes que cumpre é Vera Farmiga, que interpreta Alex Goran, uma mulher que Bingham encontra num bar de um hotel e que também como ele viaja imenso. Como ela própria diz, ela é ele mas com vagina.
Uma nota agora para o trabalho feito pelo realizador e argumentista Jason Reitman, realizador de filmes como Thank you for Smoking e Juno, que fez um trabalho brilhante nos dois papéis. Uma coisa curiosa em relação a este filme, e que descobri hoje, antes de ver o filme, na revista do Jornal de Notícias se não estou em erro é que nas muitas cenas de despedimentos que aparecem no filme, grande parte delas foram feitas por pessoas que realmente viveram o drama do desemprego, e foi sem dúvida uma aposta ganha. Nota-se que não são actores, que actores não conseguiam dar a profundidade necessária aqueles pequenos papéis. Só quem já passou pelo drama de ser despedido podia dar a emoção que aqueles pequenos papéis exigiam.
Jason Reitman criou com este Up in the Air, no meu ponto de vista o seu melhor filme. E com apenas 32 anos é mais um a ter em conta para o futuro do cinema.
Natalie Keener: He broke up with me by text message.
Ryan Bingham: Wow. That's kind of like getting fired over the Internet.
Avaliação - 8.5/10
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